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Dentição

Uma das características que distinguem as serpentes em dois grupos, peçonhentas
e não peçonhentas, é o tipo de dentição.

No grupo das peçonhentas, os tipos de dentição encontrados são solenóglifa e proteróglifa.

Já no grupo das não peçonhentas estão as serpentes que possuem dentição opistóglifa ou áglifa, representando a maioria das espécies brasileiras.

SOLENÓGLIFA

(soleno = canal, gliphé = sulco)

Solenoglifa

Dentes pequenos fixos ao maxilar e um par de presas sulcadas (como uma agulha de injeção), localizadas na parte anterior da boca, bem desenvolvidas e que se deslocam durante o bote pela movimentação do osso do maxilar. Quando o animal está com a boca fechada, as presas ficam retraídas. As serpentes com esse tipo de dentição são responsáveis por cerca de 80% a 90% dos acidentes ofídicos no Brasil. Os exemplos são as serpentes da família Viperidae, como as jararacas (Bothrops sp.), surucucus (Lachesis sp.) e cascavéis (Crotalus sp.).

PROTERÓGLIFA

(protero = anterior, gliphé = sulco)

Proteroglifa

Dentes pequenos e fixos ao maxilar e um par de presas anteriores, fixas e com sulcos, por onde o animal inocula o veneno. Serpentes com esse tipo de dentição possuem a boca pequena e não são agressivas, sendo portanto responsáveis por apenas 1% dos acidentes ofídicos no Brasil. Os exemplos são serpentes da família Elapidae, as corais verdadeiras (Micrurus sp.).

OPISTÓGLIFA

(ophistos = atrás, gliphé = sulco)

Opistoglifa

Dentes fixos ao maxilar, pequenos e maciços, porém no fundo da boca possui um
par ou mais de dentes alongados e com sulcos, por onde escorre veneno. Devido
à posição de suas presas, acidentes com humanos podem ter consequências leves, moderadas ou graves (raramente observadas). Espécies da família Colubridae apresentam essa forma de dentição, como as cobras-cipó (Oxybelis fulgidus) e
as falsas corais (Erythrolamprus aesculapii).

ÁGLIFA 

(a = ausência, gliphé = sulco)

Aglifa

Dentes fixos ao maxilar, todos iguais, pequenos e maciços. Não possui presas inoculadoras de veneno. Serpentes da família Boidae possuem essa dentição, como as jiboias (Boa constrictor), as sucuris (Eunectus murinus), as jiboias-arco-íris (Epicrates cenchria) e as suaçuboias (Corallus hortulanus). Algumas espécies da família Colubridae também apresentam dentição áglifa, como as caninanas (Spilotes pullatus).

Desenhos Roberto Suárez / Musa